Quero falar hoje sobre o processo de criação do Mandalas em Movimento. Quando encontrei o livro da Monika Cortesi no Hotel Bildungzentrum Matt em 2014, jamais imaginei o que iria acontecer. Segui minha intuição, mas sem pensar muito, porque muitos pensamentos são realmente desnecessários e até atrapalham quando se fala em arte, em criação. Foi a voz de meu coração que me impulsionou a realizar este trabalho de criação.
Meu processo criativo é interessante e, no caso do Mandalas em Movimento, houve um ordenamento. E olhe, eu não sou exatamente o modelo de pessoa organizada nas minhas criações…
Primeiro, uma meditação com cada Mandala; isso, às vezes levava semanas, não era simples de acontecer. Mas, um dia, uma imagem aparecia em minha mente. Elas sempre vinham, eu sabia que a imagem era uma Mandala de dança. Quando a imagem se fazia presente, era hora do esboço da Mandala e, depois, a escolha da música, porque a coreografia já vinha pronta na imagem. O encaixe final do quebra-cabeça era com a música que iria “vestir” toda a poesia.
Era lindo, tenho saudades daqueles momentos numinosos, eu diria. Entendeu o processo? Meditação, imagem formada, desenho da dança e música. Talvez você, leitor, deva estar se perguntando: Por que o processo criativo não acontecia com a música em primeiro plano? Talvez a resposta para isso seja: porque este movimento foi organizado em outra dimensão, e ela foi acessada através da linguagem das artes. Porque estas imagens realmente não são deste plano. Isso é relatado por muitas pessoas que já dançaram este trabalho do Mandalas em Movimento.
Era uma alegria imensa visualizar as imagens que se formavam em minha mente; posso afirmar para vocês que estas imagens me traziam de volta a um tipo de amor que eu nunca imaginei sentir. Expressar isto em palavras não é simples, visto que muitas vezes é mal interpretado.
Eu prefiro sempre, e em todo o meu trabalho, que as pessoas não interpretem o que acabaram de Dançar… Assim também é com o trabalho do Mandalas em Movimento, pois ele trabalha no nível sutil, no plano do coração e do sentir. Acho engraçado quando as pessoas me pedem para falar mais sobre o desenho da mandala Dançada, ou que eu dê significado para o que elas acabaram de Dançar. Precisamos ter muito cuidado com as palavras, pois existe muita manipulação quando se usam muitas palavras… E essas Mandalas falam por si só quando Dançadas com o coração e cada um vai assimilar o que faz sentido para ele. Ninguém deveria dizer, nunca, o que significa a Dança do outro. Dessa forma, honramos a individualidade de cada um.
Fiz este trabalho com as Mandalas em Movimento para que ele tocasse o seu coração, e não a sua razão. O maior presente que poderia receber é que, ao Dançar este trabalho, cada Dançarino fosse motivado a encontrar seu próprio centro.
por Adriana Bisconsin Ribeiro – Primavera 2023